Trabalhei no marketing eleitoral de três campanhas neste ano,
Teófilo Torres, Antônio Carlos e Nem de Carlito e tive a oportunidade de
acompanhar outra de perto, observando o trabalho do profissional Márcio Magno
Passos. Dessas em que trabalhei ou observei, três vitórias completamente
diferentes uma da outra e uma derrota destas em que atuei. Fiquei responsável
pelos programas de rádio, no horário eleitoral gratuito. Considerando apenas os
programas para prefeito, foram 72 no total. Escrevi 388 textos em apenas dois
meses, editamos mais de 280 horas de gravação, salvamos dezenas de CD´s para os
programas e propaganda volante.
Minhas impressões são positivas sobre o processo. O mais
difícil é conjugar o necessário para a comunicação sair o mais próximo daquilo
a que se propõe a campanha com os diversos interesses e palpites que aparecem a
todo o momento.
Existem, muitas vezes, interesses pessoais inconscientes que
nada têm a ver com o candidato. Cabos eleitorais que querem falar deles mesmos
em vez de elogiar quem realmente disputa os votos; pessoas preocupadas em
atacar o adversário; sem contar aquele jogo de ego, em que uns querem que suas
ideias prevaleçam sobre as demais, impondo o que acham ser a melhor estratégia.
Quem atua no marketing tem que ter muito jeitinho para tratar este tipo de
situação com o máximo de educação, mas não pode perder o foco, mesmo sob forte
estresse e pressão. Ele tem que entender que muitas dessas realidades terminam
em perda de tempo e dinheiro.
Além disso, sempre há um certo conflito de ideias entre o
núcleo político e o do marketing. É o setor que mais tem responsabilidade
durante a eleição, porque pode levar a culpa por tudo. É, ainda,
inconscientemente, o setor, digamos, menos valorizado por alguns e
supervalorizado por outros. Normalmente, dá-se mais importância ao financeiro e
ao jurídico. Tudo isso ainda conjugado a um orçamento, muitas vezes, apertado.
É uma dureza e trabalha-se 24 horas por dia. Acorda-se, almoça-se, dorme-se,
eleição. Tem dia que começamos a trabalhar as 3 da manhã, porque apareceu uma
ideia durante o sono e você precisa escrever pra não perde-la. Tem dia que a
adrenalina começa cedo, a gente desce pro estúdio e começa a trabalhar ainda de
madrugada.
Quem trabalha com marketing eleitoral tem que aprender de
novo. Se vence a eleição, vem, no máximo, um obrigado. Se perde, a culpa é da
comunicação, de quem mais? Mesmo assim é prazeroso, sobretudo quando ganha-se. E
olha que já ganhei e já perdi.
Sobre as dificuldades que falei acima, são algumas as
reuniões em que fica acertado num dia a estratégia e, no outro, algum
palpiteiro vem com uma tese tirada de sua cabeça e aquilo que já estava certo
caia por terra. Dias depois vinha o resultado. Percebia-se que a decisão havia
sido equivocada e pediam pra gente remendar as coisas em cima da hora. Normal
em toda campanha. Mas, também, observei o contrário. O Marketing queria um
caminho e o núcleo político outro e o do núcleo prevaleceu e acabou dando certo.
Não sei se numa campanha mais apertada aconteceria o mesmo resultado, mas o que
importa é que deu certo!
Ou seja, apesar dos profissionais do marketing estarem o
tempo todo dedicando tempo e vivendo aquela situação, eles precisam saber ouvir
bem, porque o núcleo político está nas ruas ouvindo o povo, enquanto o
marketing analisa os números das pesquisas. Claro, o povo pode enganar político
e pesquisa pode enganar o marketing, por isso a importância dos dois caminharem
juntos para conseguir um resultado positivo.
Enfim, o Marketing precisa sempre se adequar ao que pensa,
tecnicamente, ser o melhor caminho para aquela campanha com o que deseja o
candidato e apoiadores, e claro, o setor financeiro e jurídico. O certo é que
quem trabalha neste ramo convive por um curto período com uma situação intensa
de foco, planejamento, observação dos adversários, interação com o candidato e
pessoas envolvidas e, principalmente, sob pressão. Uma maravilha pra quem
gosta.